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As faces do Edifício São Pedro

O Iracema Plaza Hotel, mais conhecido como Edifício São Pedro, possui tombamento provisório e aguarda restaurações.

Por Sarah do Nascimento e Andrea Rocha

Quem passa entre a rua Arariús e a Av. Historiador Raimundo Girão ou passeia pelo calçadão da Praia de Iracema, acaba se encontrando com a grande fachada coberta por muros de cimento e portas fechadas por portões de ferro do antigo Iracema Plaza Hotel, hoje Edifício São Pedro. O prédio de sete andares inacabados e, com mais de 60 anos de existência, possui tombamento provisório aprovado em 2015 pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural (COMPHIC) e aguarda a assinatura do atual prefeito da cidade de Fortaleza, Roberto Cláudio, para possuir tombamento definitivo.

 

   Juntamente com a aprovação do tombamento, foi apresentado pela família proprietária Philomeno Gomes e o arquiteto Francisco Hissa um projeto de intervenção no Edifício São Pedro. O miolo do prédio seria demolido para dar lugar à uma torre de 23 andares, além da construção de três níveis subsolos para garagem. A volumetria do edifício seria alterada exageradamente de sete pavimentos já existentes para 26 com a construção do projeto de intervenção, uma vez que a estrutura está em estado de deterioração, acarretaria uma demolição acidental do bem. A Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), que controla as áreas de zoneamento em Fortaleza, permite para aquela região da orla marítima uma altura máxima de sete metros, ou seja, o projeto de intervenção ultrapassa esse limite.

 

  De acordo com a conselheira do Instituto de Arquitetos do Ceará (IAB/CE), Marcia Sampaio, “é inaceitável a construção de um equipamento agressivo com um volume construído muito superior ao volume do próprio edifício, inclusive sem uma comprovação técnica da viabilidade”.

Para entender!

O que é tombamento?

Segundo a Lei Municipal 9.347, de 11 de março de 2008, o tombamento é uma forma de proteção de bens materiais referentes à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade fortalezense, visando sua conservação pela limitação de seu uso, gozo e fruição.

   Na instrução de tombamento realizado pelo COMPHIC em 2015, o processo do Edifício São Pedro se justifica pelo novo tipo de habitar nos anos 50, época da sua construção, uma vez que a sociedade alencarina passou a se relacionar de forma mais próxima com o mar e trouxe a relação entre diferentes classes sociais. A arquitetura do edifício é pioneira do movimento modernista na cidade de Fortaleza, trazendo novas edificações do tipo na orla marítima. A arquiteta e conselheira do COMPHIC, Clélia Monastério, afirma que o projeto de intervenção apresentado pela família proprietária, “não atende ao definido no tombamento”.

 

  A instrução traz especificações que o proprietário do bem deve seguir para que a conservação do edifício não seja negligenciada. Todo tipo de intervenção na fachada e volumetria do prédio deve ter uma aprovação prévia da Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (Secultfor). O documento também traz como diretriz que as fachadas e volume do antigo Iracema Plaza Hotel sejam conservados e mantidos.

 

  O Edifício São Pedro não recebe reformas desde os anos 80, quando o antigo Iracema Plaza Hotel fechou suas portas. Atualmente, o prédio está em completo estado de degradação e chamou a atenção do Ministério Público do Ceará em setembro deste ano. Com um processo em andamento, o dono da propriedade, Philomeno Gomes Jr., foi impedido pela MPCE de demolir e foi pressionado a fazer uma restauração.

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